A Rádio Comercial emite um passatempo intitulado "O Pior Emprego do Mundo", em que o candidato deverá por A+B, induzir que o seu emprego é o pior do Mundo. Em causa, não está a divulgação do passatempo, mas sim, o vencedor do concurso no dia 5 de Julho.
Aqui vai então em sintese o relato da vencedora do passatempo:
"Sou arqueóloga. Tenho o pior emprego do mundo. Não tive por breves instantes o pior emprego do mundo. Tenho. E terei sempre. Poderia dizer que fui enganada. A arqueologia tem pouco de Indiana Jones. A arqueologia tem picaretas e calor e mosquitos de vários sabores... É que o arqueólogo tem cerca de 2,35 dias por ano em que diz: "hoje está um belo dia!".
Nos outros dias está calor, tanto calor que pareço um berbere alentejano, quase sem fôlego, sem energia para pensar. Está frio, tanto frio que pareço o boneco da michelin a tentar escavar um bloco de terra congelada. Está chuva, tanta chuva que preciso de um escafandro para entrar na minha sondagem arqueológica. Está vento, tanto vento que nem me oiço a pensar... E em todos estes dias há mosquitos, cobras, lagartos, abelhas, formigas, escorpiões, carraças, centopeias, melgas e tantos outros bichos dos quais nem sei o nome. E em todos estes dias é preciso pegar na picareta e sorrir! Sorrir ao lembrar o tio Manuel que exclamou com todo o entusiasmo: "Arqueóloga, filha?
Nos outros dias está calor, tanto calor que pareço um berbere alentejano, quase sem fôlego, sem energia para pensar. Está frio, tanto frio que pareço o boneco da michelin a tentar escavar um bloco de terra congelada. Está chuva, tanta chuva que preciso de um escafandro para entrar na minha sondagem arqueológica. Está vento, tanto vento que nem me oiço a pensar... E em todos estes dias há mosquitos, cobras, lagartos, abelhas, formigas, escorpiões, carraças, centopeias, melgas e tantos outros bichos dos quais nem sei o nome. E em todos estes dias é preciso pegar na picareta e sorrir! Sorrir ao lembrar o tio Manuel que exclamou com todo o entusiasmo: "Arqueóloga, filha?
Ah! Queres ir para o Egipto escavar pirâmides com aqueles pincelinhos!" Queria. Mas não fui. E se tivesse ido, provavelmente seria um dos egípicios que passam dias a fio a carregar baldes com terra ou areia para virem os doutores reclamar como suas as descobertas. Ná. Vou ficando por aqui, ainda que em toda a minha vida de arqueóloga tenha pegado duas vezes num "pincelinho" (em compensação, a técncia desenvolvida no manejamento da picareta, da pá e da enxada deixa qualquer agricultor de profissão de boca aberta). Ná. No Egipto têm tempestades de areia. Na América do Sul têm montanhas que é preciso subir a pé. Na Amazónia têm jacarés e anacondas.
Na Austrália têm mil e um bichos capazes de nos matar em 30 segundos. Vou ficando por aqui... Arqueóloga de profissão. E por cá tenho o prazer de explicar vezes sem conta o que não sou: não sou a Lara Croft, não encontro dinossauros, nunca descobri um tesouro, não ando à procura de moedas de ouro, nem tudo o que é antigo é do tempo "dos mouros". Este não é apenas o pior emprego do mundo. É também o mais incompreendido. E no entanto vou sorrindo, mesmo quando o meu capacete branco não me distingue dos restantes trabalhadores e o meu colete reflector atrai todo o tipo de insectos.
Mesmo quando a velhota diz à neta: "Vês? Aquela menina não estudou por isso é que trabalha nas obras". Mesmo quando faço companhia aos "tugas" que ficam horas a olhar para a retroescavadora a trabalhar. E tudo isto possivelmente até... até aos 40 anos. Porque quando chegar a essa idade terei 3 hérnias e artrite em todas as articulações do meu corpo. E alguém me dirá sabiamente que devia descansar e então irei procurar um emprego "menos pior" e sentar-me em frente a uma caixa registadora, das nove às seis, numa qualquer superfície comercial artificialmente climatizada. E aí poderei dizer que em tempos TIVE o pior emprego do mundo... Anda uma filha seis anos a estudar para isto!..." Raquel Santos
Bem, de facto e sendo assim, não é um emprego que cative muito... Na minha humilde opinião, em Portugal, ir para a Faculdade ou ter um canudo é sinonimo de conquista, de obrigatoriedade de um estatuto, de uma aquisição social superior e também um passaporte para a "Lei do Menor Esforço"... São apenas profissões como tantas as outras, mas que têm um maior valor teórico-prático, científico e em que se exige mais de si. Por isso, se pensa ir para a Universidade, pense primeiro, não irá perder seis anos ou mais da sua Vida, para depois andar de enchada na mão, ou simplesmente, ficar no desemprego!!!
Pois é, também fui enganado... ( A rir...)
Fonte : Radio Comercial
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